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  • Foto do escritorGiulia Kolokathis

Entre a busca por afeto e o medo da conexão

Perto o suficiente para sentir o calor do outro; 
longe demais para criar laços com ele.


Quando eu era mais nova, ouvia dos adultos que quanto mais velho a gente fica, mais rápido o tempo passa e que é mais fácil fazer amigos quando se é novo, quando se tem tempo de sobra e menos desconfiança na vida. À medida que envelhecemos, parece que o tempo acelera e nossas prioridades mudam. As responsabilidades se acumulam, a rotina se torna mais exigente, e a energia para construir e manter relacionamentos decai.


Muito se fala sobre como as relações estão se tornando cada vez mais superficiais e artificiais. As redes sociais, que deveriam aproximar, muitas vezes criam uma ilusão de conexão enquanto aprofundam o abismo entre as pessoas. A pandemia mundial exacerbou essa desconexão, isolando-nos fisicamente e, em muitos casos, emocionalmente. A falta de proximidade e os laços de afeto desgastados fazem com que muitos de nós nos sintamos solitários, mesmo quando estamos cercados por amigos, colegas, familiares.


Muitas vezes, o trabalho e a rotina maçante esgotam nossas energias a ponto de não sobrar muita disposição para estarmos com quem gostamos e amamos. A vida moderna nos consome, e encontrar um equilíbrio entre nossas obrigações e nossos relacionamentos se torna um desafio constante. Precisamos fazer um esforço consciente para reservar tempo e energia para as pessoas que realmente importam.


Por outro lado, o medo da conexão é uma barreira real. Muitos de nós temos medo de nos abrir, de nos entregar de verdade, temendo a vulnerabilidade que isso exige. As experiências passadas de rejeição, traição, sumiço e a dor emocional que as acompanham podem nos fazer hesitar em buscar novas amizades, novas paixões. E, assim, ficamos presos em um ciclo de desejo por afeto e medo de nos conectar, temendo o que podemos perder ou sofrer no processo.


Buscamos no outro, intencionalmente ou não, aquilo que nos falta, um carinho, contato físico, tempo de qualidade, mas pulamos fora quando a relação começa a tomar forma, deixa de ser tão casual. O outro fala mais sobre si, aprofunda sentimentos, mostra interesse, quer saber mais... E quanto mais se aproxima, mais nos afastamos. É claro que devemos respeitar nossos limites e a nossa vida não precisa ser um livro aberto para qualquer um.


Eu não acredito que apenas relações profundas sejam verdadeiras. A verdade mora na autenticidade, na capacidade de ouvir a própria intuição e decidir com consciência o que é melhor para si mesmo. Em meio à superficialidade que permeia muitos dos nossos contatos, a autenticidade se destaca como um farol. Ser autêntico significa estar presente de verdade nas relações, mesmo que não sejam profundas. É possível encontrar significado em interações simples e breves quando elas são genuínas.


Entre a busca por afeto e o medo da conexão, existe um caminho de equilíbrio. É possível cultivar relações significativas sem a necessidade de profundidade extrema em todas elas. O segredo está, acredito, na nossa sinceridade. Quando sabemos o que estamos buscando e deixamos isso claro para nós mesmo e para os outros, conseguimos construir relacionamentos mais respeitosos e espontâneos. O importante é ser autêntico, estar presente e valorizar os momentos de trocas interpessoais. Ao fazer isso, podemos superar o medo e encontrar um espaço onde o afeto e a conexão coexistam de forma saudável e satisfatória.

Psicóloga Giulia Kolokathis

 

CRP 06/192716

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Instituto Bárbara Meneses

 

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